sábado, 22 de setembro de 2018

Hierarquia e Disciplina

General Douglas MacArthur (1947) Photo by John Florea
Elio Gaspari, na série de livros que escreveu sobre as Ilusões Armadas, descreve com riqueza de detalhes o movimento de algumas figuras de destaque na ditadura militar de 1964-1985 em busca de um lugar ao sol na nova ordem que se anunciava a partir da estouvada movimentação das tropas do General Olímpio Mourão Filho.
Elio Gaspari está muuuito looonge de ser uma figura de esquerda. Mas descreve, de forma pormenorizada e com documentos, a anarquia que se estabeleceu numa instituição que tem como princípios basilares a hierarquia e a disciplina, quando ela extrapola o papel que a Constituição lhe destina. Interessados podem encontrar mais informações aqui, conhecendo fatos de nossa história recente.
Ciente do estrago, o General Geisel fez uma corajosa tentativa de restabelecer estes princípios durante seu governo, chegando a demitir o comandante do II Exército e posteriormente o próprio Ministro do Exército, por se oporem às suas diretrizes. Embora com estes atos tenha conseguido fazer seu sucessor, não conseguiu reverter a situação, como o provaram, pouco tempo depois, o atentado do Riocentro e, nos tempos atuais, as manifestações de militares sobre assuntos além de sua alçada constitucional.
O desrespeito aos princípios constitucionais é caminho certo para a ruína de qualquer sociedade civilizada e infelizmente está virando moda aqui no Brasil, quando diversos órgãos, instituições e até mesmo o poder judiciário, que devia zelar pelo seu cumprimento, fazem vista grossa para constantes violações ao que está determinado na Constituição Federal. E já surgem propostas para o estupro total destes princípios, com a adequação da constituição aos humores do governante de plantão.
Uma historinha sobre o personagem que ilustra este post: o General Douglas Macarthur é o mais premiado herói de guerra dos Estados Unidos da América, um dos cinco generais cinco estrelas do exército americano e era comandante das tropas da ONU, então representada pelo exército dos EUA, na guerra da Correia. Apesar de todas as credenciais, mais que justas, foi simplesmente demitido do comando pelo presidente americano, por se manifestar contrário a ordens recebidas de seus superiores e ter ideias próprias sobre a condução da operação. Disciplinado, como soldado de escol que era, entregou o comando e voltou para casa sem dar nenhum pitaco sobre a decisão presidencial.
Aliás, (isso devia servir de exemplo para estes adoradores do american way of life, que desconhecem o funcionamento da democracia naquele país), nunca se viu um general americano querendo tutelar a nação.
Que tal a gente aprender isto com eles?