segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Gê ou jota

Genipapo ou Jenipapo?

Nestes dias de hoje, em que nos pautamos pelas maravilhas da informática a dúvida só aumenta. Ao usarmos os editores de texto, quando escrevemos Genipapo vem logo a cobrinha vermelha debaixo do nome sugerindo a forma  que consta dos dicionários - jenipapo. Ao grafarmos o nome com G na pesquisa do google vem a correção você quis dizer jenipapo. E se chegamos na enciclopédia, com o nome grafado jenipapo vamos saber que é o fruto do jenipapeiro (Genipa americana), tendo sofrido, pois, esta transmutação do G, do nome científico, em J da linguagem vulgar. Prá aumentar a confusão vem O Pato do Vinicius e Toquinho com jota e o Genipapo Absoluto do Caetano, com gê.
No Campo Maior, bela e agradável cidade piauiense, onde aconteceu a Batalha do Jenipapo, de grande importância na luta pela Independência, não existe esta dúvida: tá lá, no pórtico que indica o local da batalha e onde existe um memorial: BATALHA DO JENIPAPO BERÇO DA INDEPENDÊNCIA. Como meu pai é do Campo Maior nunca me assaltou nenhuma dúvida sobre a grafia. Até o dia em que comprei uma pequena propriedade agrícola, no Sítio Genipapo, em Ubajara, Ceará. Desde então, na conta de luz, nos registros do cartório, nos escritos das pessoas, o G volta a surgir com força, trazendo a insegurança para este escriba, acostumado que foi a seguir as regras da ortografia e da gramática e acossado pela opinião de doutas pessoas que consideram este fato "um passo importante na marcha firme e segura da burrice e da preguiça neste país"
Consultando as regras da ortografia, descubro que se usa o jota nas palavras de origem indígena, africana ou árabe, o que explica a transformação da nossa genipa em jenipapo, configurando-se portanto esta grafia com G em autêntica e perigosa subversão de valores.


• Nas palavras de origem indígena, africana ou árabe:
jiboia – pajé – manjericão – Moji – canjica - jenipapo

No entanto para os moradores dos Sítios Genipapo, Paus Altos dos Cunha e Chapadinha, congregados na Associação Comunitária de Genipapo, esta discussão não tem o menor valor, considerando inclusive as despesas com cartório, contador e assemelhados que adviriam com a correção ortográfica.
E neste espaço trataremos dos anseios, lutas, trabalhos conquistas e realizações destas comunidades, encerrando por aqui as discussões literárias.

10 comentários:

  1. Pô Cara, gostei de ver que você além de centenas de outros dotes é também bamba no Português.

    ResponderExcluir
  2. Legal seu apanhado. Duas obs., pra complicar:
    1) O "Jenipapo Absoluto" de Caetano é com J (estou com o vinil do Estrangeiro na mão), não acredite nas inúmeras entradas com G q há na internet.
    2) O nome do gênero em latim se pronuncia "Guenipa"; em latim a letra J é introdução tardia e variação do "I", que se pronuncia mais anasalado, nada a ver com o nosso som de "J"
    E agora?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pela leitura e pelas observações que colocam as coisas no seu devido lugar.
      E vamos seguir em frente, entre os limites impostos pela gramática e o código penal, como já observou o velho Graça.

      Excluir
  3. Excelente aula. E é tempo de delicias de JENIPAPO.Licores sorvetes , variados doces
    .Jenipapemos pois.!

    ResponderExcluir
  4. Amei ler o seu texto! 👏👏👏👏

    ResponderExcluir
  5. Parabéns, pela explicação. Show.

    ResponderExcluir
  6. É cada vez mais difícil de se ver nas redes debate sério de coisas de fato úteis, apesar de tantos temas importantes neste momento histórico. Parabéns ao autor do texto e aos comentários lúcidos que merecem elogios. Estão colaborando imensamente com o educar do nosso povo.

    ResponderExcluir
  7. Também gostei, afinal nos sempre esquecemos as origens, que seja "j" ou "g" o essencial é a fruta.valeu.

    ResponderExcluir