Foto: Rosamaria |
O desfile cívico-militar é realmente a tradição de comemorar nossa Independência urdida por um arranjo das classes dominantes, "antes que algum aventureiro lance mão" no conselho de D. João VI ao voltar pra Portugal.
O povo mantido a conveniente distância, além do cordão de isolamento, pode se manifestar, desde que aplaudindo os poderosos. Nada daquela genuína, alegre e generosa festa que os americanos promovem no 4 de julho.
Os símbolos da Pátria, hino, bandeira, protegidos por leis e regulamentos que os conservam no domínio dos barões, longe de seu uso pelo povo. Vem de longe. Castro Alves já dizia "que povo é este que a bandeira empresta/Para cobrir tanta infâmia e covardia...". Passeatas recentes ilustram isto com perfeição.
Não era o povo, poeta, eram aqueles que Bolivar Lamounier chama de zelites. Talvez involuntariamente ela tenha achado o termo certo pra denominar esta corja.
As zelites de nosso País nunca tiveram mesmo o interesse em construir uma Pátria para si, e muito menos para a gente maravilhosa que aqui habita e labuta heroicamente para construir um lugar digno pra se viver. Seu negócio era enriquecer rapidamente e gozar as delícias na metrópole.
Millôr Fernandes já dera conta disso ao acrescentar na célebre citação de Samuel Johnson "O patriotismo é o último refúgio dos canalhas" a observação "No Brasil, o primeiro".
Aldo Fornazieri, em recente artigo, traça um retrato muito claro dessa zelite: "Olhando mesmo do ponto de vista dos interesses das
Mas o povo estará na rua, neste dia 7 de setembro, no Grito dos Excluídos, lembrando que o País também é deles, que deram sangue, suor e lágrimas para a sua construção. E correndo o risco de serem caçados pelos capitães do mato dos barões.
E a vida continua...
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