quinta-feira, 24 de setembro de 2015

andando pelo sertão

Semana passada em andanças pelo sertão conversando com as cooperativas da agricultura familiar sobre a sua participação no Programa Nacional de Alimentação Escolar.
"O sertanejo é antes de tudo um forte" proclamava no início do século passado Euclides da Cunha, com um sentido talvez diferente do que a gente entende atualmente.
Mas depois de quatro anos de seca, falta de água, queda de produção, (coisas bem mais fáceis de enfrentar que o desprezo que lhe devota parte da sociedade), é alentador ver que ele não esmorece e vai lutando com coragem e astúcia pra driblar as barreiras que lhe são impostas.
Aí a frase faz sentido.
O Programa Nacional de Alimentação Escolar vem de tempos, desde os 1950 e surgiu da preocupação de um grande brasileiro, muito desconhecido, Josué de Castro com a fome e desnutrição de seus patrícios. Preocupação que não sensibiliza quem sempre dispôs de um prato de comida.
Já foi conhecido como Programa da Merenda Escolar, mas os/as nutricionistas acham que este termo está longe das intenções e grandeza do programa. Coisas de gê ou jota, pois.
Gosto do termo merenda. Tem mais sustança que coffee break, tão usado atualmente praqueles café com bolacha servidos em reuniões técnicas de vários calibres.
Mas, voltando ao Programa, sabemos que ele frequenta o noticiário quase sempre na forma de escândalo, quase nunca pelas milhares de refeições que ele serve todo dia aos estudantes brasileiros, da creche ao segundo grau. Muita gente desconhece.
Como desconhece que uma lei de 2009, que consolida os princípios da alimentação escolar, determina que no mínimo 30% dos recursos repassados pelo FNDE para as escolas, destinados a este programa, devem ser usados para comprar gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar.
Agricultura familiar é aquele segmento que alguns acadêmicos juram não existir, mas que responde por mais de 70% da comida que chega na sua mesa.
Voltaremos a conversar sobre isto.
Por hoje, fiquemos com Patativa do Assaré:
"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome, pergunto o que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."

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