Em especial sobre algumas
noções cristalizadas, até contraditórias, que circulam sem que se levante
nenhum questionamento sobre os princípios que orientam este modelo de produção.
A agricultura surgiu há
10.000 anos atrás, (talqualmente Raul Seixas), e de lá pra cá permitiu que o
ser humano largasse a vida nômade e construísse o que chamamos de civilização,
com a alimentação garantida pelo trabalho do agricultor.
Foi a base da riqueza de
muitos povos e nações, possibilitando e financiando o surgimento dos setores
industrial e de serviços.
Mas também a causa da
derrocada de civilizações que não souberam manejar os recursos naturais
disponíveis, exaurindo-os por ganância.
Essencial, até hoje, para
garantir a alimentação da população e matéria prima para diversos setores
industriais, a agricultura é vista como um setor atrasado da economia, tolerada
apenas pra não faltar o pão nosso de cada dia. E o agricultor é solenemente
ignorado pela sociedade, que acredita piamente que a comida brota nas
prateleiras dos supermercados.
Ao longo desta história, os
agricultores construíram vasto conhecimento sobre os cultivos e criações,
interpretando e interagindo com a Natureza, fonte de vida do Planeta.
E sempre foram
criteriosamente vigiados pelos donos do poder, cientes de que o pão e o circo
eram essenciais para a manutenção da ordem na vassalagem.
Aí pelos meados dos 1800, o
desenvolvimento da Ciência permitiu um grande conhecimento do mecanismo da
alimentação das plantas e dos animais domésticos, com o entendimento da importância
e função dos nutrientes, prometendo uma nova era para atividade.
Mas, desmentindo a pretensa
neutralidade do conhecimento (ou da utilização que dele se faz), ao invés de
desenvolver a agricultura, abriu-se uma era de ouro para a indústria de fertilizantes.
E a chamada Revolução Agrícola foi na verdade sua subordinação à lógica
industrial.
Mesmo reconhecendo os avanços
importantes dos estudos da química agrícola, muitos cientistas criticaram a
visão reducionista do modelo apresentado, por minimizar (ignorar?) o caráter
essencialmente biológico da agricultura. E já em 1924, Rudolf Steiner
apresentava suas oito palestras para os agricultores, com os fundamentos da
agricultura biodinâmica. E em vários lugares de diversos continentes outros
pesquisadores desenvolviam suas propostas.
Os temores tinham fundamento. Ao lado de um vistoso e incontestável aumento da produtividade agrícola
(sempre louvado e lembrado pela mídia), ficou um rastro de degradação
ambiental, erosão genética, poluição, contaminação por agrotóxicos e exclusão
social. O aumento de produtividade deprimiu os preços dos produtos agrícolas, deixando os agricultores em situação de desvantagem nas suas relações de troca com a indústria de insumos e equipamentos agrícolas. E, embora o estoque de alimentos hoje disponível seja suficiente para alimentar uma vez e meia os habitantes da Terra, convivemos com milhões de famintos, ironicamente, grande parte entre a população rural.
O despertar da consciência ambiental na sociedade e o temor de consumir alimentos com resíduos tóxicos criam um crescente mercado para alimentos produzidos por sistemas alternativos à agricultura industrial.
Assuntos para os próximos posts que isto tá ficando comprido demais.
Continue.Texto simples,esclarecedor e oportuno.
ResponderExcluirObrigado. É muita coisa e vamos ter de fazer em capítulos.
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