quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Qual é o preço, afinal?

Os movimentos de agricultura alternativa no Brasil começam a ganhar corpo pelos 1970, em contraponto à agricultura industrial que se implantava, dentro do processo de modernização conservadora levado a cabo pelos governos da ditadura militar.

Já no começo dos 1980 foram realizados alguns Encontros Brasileiros de Agricultura Alternativa, com a discussão de pontos para o fortalecimento das propostas e surgem as primeiras organizações pioneiras como o Instituto Biodinâmico, a Fundação Motiki Okada, a Associação de Agricultura Orgânica, entre outros, que desenvolveram seus trabalhos dentro dos princípios e normas preconizados pela IFOAM (Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica), dando aos consumidores a garantia da qualidade orgânica.

Neste tempo, a comercialização dos produtos orgânicos se fazia diretamente ao consumidor, seja através de feiras, muitas das quais até hoje ativas e ampliadas, ou através da distribuição de cestas de alimentos, em formatos variados, opção disponível até hoje. Com preços justos, permitindo ao agricultor cobrir seus custos de produção e ser remunerado dignamente pelo seu trabalho.

O crescimento do mercado e o aumento da demanda abriram os olhos das grandes redes distribuidoras e comercializadoras de alimentos e introduziram uma nova lógica dentro da venda de orgânicos. Ao lado do óbvio da lei da oferta e da procura, o posicionamento adotado pelas redes varejistas, determinando que o consumidor deste nicho estava acima desta lei.

Após um relacionamento amigável com os produtores orgânicos, indispensável nesta fase inicial, volta a prevalecer a relação assimétrica entre o mais forte e o mais fraco, contrariando o princípio de justiça, um dos pilares deste modo de produção. As regulamentações que se seguiram a este momento e a pressa em atender um mercado que não parava de crescer acabaram por provocar uma perigosa simplificação no sentido do termo orgânico, que passa a ser divulgado como uma agricultura de insumos (orgânicos) e não uma agricultura de processos (organismo agrícola).

Situação que dá origem a desonestas reportagens.

Pra mim a melhor forma de consumir orgânicos é através de feiras ou de cestas diretas com o produtor. Procure saber se tem uma feira orgânica em sua cidade. Vá até lá, converse com os organizadores e agricultores, avalie o que lhe repassam e faça sua escolha. Caso se ache muito atarefado, sem tempo ou paciência, procure saber se alguém distribui cestas orgânicas em sua cidade, entre em contato, converse e peça informações. Você acabará encontrando o caminho mais adequado ao seu modo de viver para o consumo destes produtos saborosos e saudáveis.

Depois desta maratona comercial voltaremos a discutir orgânicos e agroecológicos nos próximos posts.









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