É uma visão míope, baseada numa percepção de uma agricultura
baseada em insumos, onde se combatem os sintomas dos desequilíbrios causados
pela atividade, ao invés de se identificar e cuidar de eliminar suas causas.
Razão de reportagens grotescas como a exibida no último dia 31/01 no
fantástico show da vida.
Poucos se perguntam porque este sistema de produção dispensa
a utilização destes venenos, tão prejudiciais à saúde dos seres vivos e ao meio
ambiente. É a parte mais interessante da história.
Doenças e pragas numa plantação são sintomas de
desequilíbrio, causado por um manejo errado. Os ecossistemas vivem num perfeito
equilíbrio dinâmico, com todos os fatores interagindo si e as diversas
populações, organizadas numa cadeia trófica, mantêm a estabilidade demográfica,
evitando que alguma delas se transforme em praga. Os insetos ou microrganismos
desempenham sua função de polícia sanitária do sistema, eliminando partes de plantas
mal formadas ou mal nutridas, sem condições de pleno desenvolvimento.
A agricultura promove radical simplificação de um
ecossistema. E a agricultura industrial, mais ainda, focando apenas nas
relações solo-planta-atmosfera, considerando um ataque de pragas apenas como um
ruído, que se combate com os venenos produzidos pela indústria química.
Os agricultores orgânicos/agroecológicos procuram reproduzir
em seus cultivos as condições observadas na Natureza, através de um manejo que
leva em conta toda a interação entre as culturas, o solo, o clima, a vegetação
espontânea, o meio ambiente, promovendo a biodiversidade, estimulando os ciclos
biológicos, procurando, assim, um equilíbrio natural. Um jeito natural
de produzir alimentos saudáveis, nutritivos e seguros, além de cuidar da
preservação dos recursos naturais – solo, água, flora e fauna.
Portanto, ter um produto isento de agrotóxicos é apenas um
bônus, pela quantidade de benefícios que estão nele incorporados. O aroma e o sabor incomparáveis de um produto cultivados num sistema que permite seu pleno e natural desenvolvimento, fontes de água limpas e cuidadas, as flores das matas preservadas, a alegria e saúde das pessoas que o produzem são os atributos que fazem a diferença. Afinal, todos
moramos no mesmo Planeta, que é finito, o derretimento do gelo nas calotas
polares eleva o nível dos oceanos em todos os cantos, o desmatamento da
Amazônia provoca seca e falta de água em São Paulo, a emissão de gases de
efeito estufa elevam a temperatura em todos os continentes. Está tudo
interligado, o lá fora não existe e o lixo que você dispensa é dentro de sua casa.
Tá tudo interligado.
E porque a mídia insiste apenas nesta conversa de
agrotóxicos? Visão reducionista e interesses inconfessáveis. O movimento
orgânico se auto regula desde seus primórdios. A Federação Internacional dos
Movimentos de Agricultura Orgânica (IFOAM, da sigla em inglês), desde sua
origem, sistematizou os princípios, estabeleceu normas de produção, criou
mecanismos para garantir a qualidade deste modelo de produção, muito antes que
os Estados estabelecessem legislações sobre o assunto, de resto, baseadas no
trabalho por ela desenvolvido. Afinal, como vimos anteriormente, os
representantes da poderosa indústria de insumos estão de olho, desde o início.
Um jornal aqui da terrinha colhe anualmente amostras de
produtos orgânicos vendidos no varejo para detectar resíduos de agrotóxicos. Até
agora com resultados negativos. Um zelo que não é demonstrado quando a ANVISA
divulga sua lista de campeões de contaminação, em pesquisas anuais.
O consumidor dispõe de informações na internet sobre legislação,
certificação, organizações, portais de notícias, produtores,
distribuidores, processadores, fazendas, enfim todos os
elos da cadeia. E os agricultores orgânicos estão de portas abertas para
recebê-lo e mostrar, com orgulho, todo o sistema de produção. Ao contrário dos
transgênicos, não temos nada a esconder.
Mas o produto orgânico é muito caro, não? Isto é assunto pra
outra conversa. Prometo tratar disso.
Coman ua salada de tomate organico e depois me contem.Nada tao bom.
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